[Brasil no Copo #3] COQUETELARIA BRASILEIRA
Entender a síndrome do vira-lata pode te incentivar a levantar essa bandeira.
Eu não tinha dado a devida importância a brasilidades, até passar pelo SubAstor em meados de 2022. Confesso que foi meu divisor de águas sobre a narrativa que eu daria a meu trabalho dali em diante.
Não teria sentido trabalhar com algo, e não saber o contexto que daria sentido pra mim, e quem eu recebia no balcão.
Foi ai que decidi me aprofundar mais a respeito do meu próprio país de origem.
Já se fala que o Brasil não é valorizado pelo próprio Brasileiro faz tempo.Na coquetelaria percebemos isso, quando vemos a utilização de insumos vindos do exterior para a criação de coquetéis cada vez mais europeios, deixando de lado toda a riqueza dos nossos biomas e cultura.
Não tem problema nenhum usar novos insumos, mas por que não colocar nossa nacionalidade nas criações narrativas?
Além de valorizar o que é nosso, financeiramente é mais inteligente e consequentemente mais lucrativo se formos falar de negócios. Porém ainda existe o pensamento de que se quisermos ser grandes temos que imitá-los.
Criar um coquetel mais Maria Bethânia ao invés de Taylor Swifty. Talvez até um Carmem Miranda luso-brasileiro.
Muito dessa cultura de não-valorização de brasilidades, é histórico. O que já foi dado o nome de COMPLEXO DE VIRA-LATA o termo foi definido pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues que começou no período de colonização.
Em um trecho ele fala:
“Por "complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima (…)
Fisiológicos seculares, patrimonialistas, teimosos, arrogantes, malandros, ignorantes, prepotentes, apenas nos resta pensar: o que nos falta desaprender para chegar a um ideal de país? Como faremos para chegar ao futuro de uma desilusão? Quantas décadas levaremos para desaprender toda a estupidez que cultivamos durante 400 anos? ”
Quando os portugueses chegaram aqui, demonizaram tudo o que era cultural indígena e sobrepôs sua cultura como a correta e limpa. Utilizando nossos recursos para colocar sua identidade como uma camuflagem, roubando receitas e formas de fazer as coisas colocando sua assinatura.
Como está escrito no livro Da Botica ao Boteco de Néli Pereira: Remédio indígena com embalagem europeia.
O que permeia fazer uma coquetelaria Brasileira é conhecer mais do Brasil e sua história. Estudar seus biomas, culturas, frutos e assim abranger possibilidades criativas.
Não tem como fazer coquetelaria Brasileira sem conhecer o Brasil e sua história, suas dores, seus anseios.
Já na importância dos botecos para o uma coquetelaria mundial brasileira. Existe algo mais brasileiro do que um boteco?
Não tenha vergonha de assumir a sua nacionalidade.
Essa nova vertente nos permite implantar na indústria de coquetéis nossa identidade ao invés de sermos apenas cópias baratas de drinks estrangeiros.
Eu imagino a tendência de uma coquetelaria brasileira mundial, seria incrível!
Incrivel ❤️